quinta-feira, 12 de novembro de 2015

“Em minha área de formação, quais práticas tornam um professor bem sucedido?”



Por: Walter Vieira Junior*

O texto, "O Bom professor para o aluno de hoje" parte II,  retirado do livro “O bom professor e sua prática”, da autora, Maria Isabel da Cunha, o livro retrata um estudo que a mesma efetuou com professores que atuam na rede de ensino médio e superior. Criando assim, um excelente material de consulta e de avaliação da prática do docente no seu cotidiano. Juntamente com a entrevista feita com a Professora Pompéia, buscarei de forma sucinta, expressar minhas considerações, relativo ao que considero dentro de minha área de formação, quais práticas tornam um professor bem sucedido?

Essa reflexão nos convida a também embarcarmos em uma própria consciência avaliativa, em vista de buscarmos um aprimoramento das nossas condutas pedagógicas. Com base tanto no texto extraído do livro como na entrevista percebemos três pilares que tanto a autora Maria Isabel como a professora Pompeia salientam. 1º aspectos afetivos 2º conteúdo de ensino e 3º metodologia do professor. Logicamente é de se compreender a importância da formação no processo do educar, necessitamos constantemente de reformular novos conceitos e até fortalecer ou reavivar antigos conceitos.

Sabemos que a cultura é uma variável e que de certa maneira há uma influência própria dela em nossa sociedade. Seja nas grandes metrópoles ou no cantinho de Águas Férreas, distrito de São Pedro dos Ferros, onde leciono. A certeza é uma vivemos em “Tempos Modernos”. Chamo de “Tempos Modernos”, um conceito relativo a pequena fronteira da relação existente entre a disparidade do ser e do ter. Dois conceitos bastante discutidos e analisados ao longo da História da Filosofia e, como tal, precisam ser cada vez mais apresentados as novas gerações de alunos.

Mas como apresentar tais conceitos e se sair bem? Como ser bem sucedido na empreitada da partilha do saber? Creio que as respostas estão nos três aspectos desenvolvidos por Maria Isabel da Cunha e relatados pela Professora Pompéia.

Primeiramente num mundo cada vez mais individualizado, onde a afetividade é confundida com sexualidade, precisamos desmistificar o conceito de autoridade, não como uma prática repleta de subserviência e criar a autoridade, como a exemplo de Jesus, que anuncia como quem tem autoridade
(Mateus 7,29; Marcos 1,22, Lucas 4,36), ou seja, a autoridade esta na comunhão do falar e fazer, da teoria com a prática, da palavra que se faz ação. Precisamos demonstrar mais autoridade com nossa conduta verbalizada, mas também com a postura no agir. Sejamos participativos da caminhada acadêmica de nossos alunos, que possamos nos alegrar com suas conquistas e nos entristecer com suas derrotas, não nos tornar apenas meros representantes do TER conhecimento, mas o SER exemplo da relação vivo para conhecer e conheço para viver.

O segundo aspecto é que fundamenta o primeiro é a apropriação daquilo que vou repassar, não podemos chegar em nossas aulas acreditando que somos os detentores do conhecimento e que nossa palavra sobre o assunto lecionado é uma LEI, mas pelo contrário, hoje, talvez, mais do que nunca, com a influência das novas tecnologias, o aluno tem em seu professor um orientador na caminhada em busca de conhecimento e não mais um sujeito que limita o seu pensar com teorias frias e fundamentadas só no seu “achismo”. Os alunos hoje podem buscar o conhecimento, sentados em uma praça de alimentação ou no jardim da Praça do Arraial, o que eles precisam é desejam são orientadores que levem a eles, caminhos, trilhas, estradas seguras e confiáveis. É preciso então conhecer, por isso, a formação do professor é uma formação contínua, ininterruptas, pois como já sabemos, um cego não pode criar outro cego, pode?

Dentro desse aspecto, outro fator é a forma como esse conteúdo é repassado, o jovem, até exageradamente, não larga seus “brinquedinhos” eletrônicos criando assim certo desconforto em sala. Mediante ameaça de privação de tais objetos são imediatamente deixados “ao lado”, pois sala de aula não combina com tais instrumentos. Muitos opinam dessa maneira, querendo a exclusão dessas ferramentas da distração. Uma aula onde o aluno não é estimulado a avançar é fadada inércia. “Outro aspecto na relação aluno-professor-aprendizagem é o prazer em estudar e isso se dá numa aula agradável, ou seja, num clima positivo na sala de aula.”[1]

O aluno traz consigo uma bagagem que pode é deve ser usada em sala. Para tal, a criação de aulas que estimulem tais alunos é importantíssimo. “... preocupado com o planejamento das aulas, estudioso, que saiba dar exemplo de boas maneiras em relação à instituição, aos alunos, colegas de trabalho e meio ambiente, saber que os alunos não aprendem do mesmo jeito e diversificar atividades. Fazer uso das tecnologias oferecidas pela escola.”[2] Há uma corrente que insiste em querer que tudo volte como era antes, onde só o professor sabe e o aluno é uma gaveta vazia e sem história, tais profissionais acabam perdendo os avanços que seus alunos podem dar por causa de um saudosista, que não consegue se desvencilhar do passado. 

Por último, como uma sequencia de dominó, onde uma peça “chama” a outra, assim é este terceiro aspecto, Se o primeiro está na estrita relação professor-aluno, a segunda, está no eu sei o que irei transmitir? Está última, recaí no como irei transmitir.

É evidente que a metodologia empregada se faz na diversidade do ambiente escolar, como o próprio verso, no cantinho da pagina 53 de Cecília Meireles diz: “O vento é o mesmo; mas sua resposta é diferente em cada folha.”[3] Como esta sendo nossa maneira de “ventar”? Será que nosso vento trás frescor ou destruição? O significado de metodologia é “o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento”[4], sendo assim, parto do principio de que muitos dos nossos erros ao lecionar se dá na falta de uma metodologia eficaz. Muitos alunos estão perdendo o gosto em aprender, ficando dispersos em sala, alienados com as inovações, porque estamos nos perdendo nos métodos.

Precisamos avançar não só nas ferramentas, mas também na forma como usa-las. Precisamos, cada vez mais, nos capacitarmos se queremos capacitar a outros, atualizar nossos métodos é um grande passo na luta contra a desvalorização da educação. Hoje no Brasil o numero de aulas à distancia é enorme, da educação via correio à salas multimídia, do cursinho por correspondência ao curso superior. Metodologias foram sendo renovadas e aplicadas para o melhoramento da própria educação. Sabemos que isso requer: dedicação, coragem em romper com velhos estigmas, abertura ao “novo”, partilha e busca de novos métodos, e é claro muito estudo.

Enfim para responder a questão “Em minha área de formação, quais práticas tornam um professor bem sucedido?.” Me baseio nestes três aspectos, certo de que neste longo caminho chamado Educação, sou apenas mais um viajante trocando experiências e adquirindo fôlego para caminhar. Citando Maria Isabel: “Para os nossos alunos atuais, o Bom Professor é aquele que domina o conteúdo escolhe formas adequadas de apresentar a matéria e tem bom relacionamento com o grupo.”[5] Procuro desempenhar o meu papel, como alguém que ousa ir mais além, do que a fronteira da mesmice pode me oferecer sei que não é fácil, mas também não é utópico desejar uma educação de qualidade feita com carinho e respeito, do jeito que penetre na alma e no coração, rica de conteúdo e no ritmo de cada um no caminho da descoberta do saber.


* Bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana e Lincenciando pelo Centro Claretianos. Professor de Filosofia do Ensino Médio e Cyber Cultura da Educação Integral da Escola Estadual Omar Rezende Perez,

[1] CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. p.53   2011
[2] Pompéia. Entrevista com a professora de Geografia  cornetadaescola.blogspot.com
[3] CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. p.53.  2011
[4] Significados.com.br/metodologia/ acessado em: 11/11/2015
[5] CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. p.63   2011

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